:: DENILSON ::





Um dia alguém disse a Denilson que café solúvel não tinha cafeína. Denilson ficou tão entusiasmado com a teoria que tomou quatro xícaras depois de jantar. Só conseguiu adormecer às oito da manhã. Não se importou; pelo menos derrubara a teoria. Acordou às nove da manhã do dia seguinte. Denilson não percebeu que saltara um dia.
Desde então, vem experimentando um sentimento de estranhamento frente às coisas, como se houvesse um descompasso entre ele e o mundo. Apesar de nunca ter se considerado conservador, passou a sentir um mal-estar diante de idéias avançadas com as quais vem se deparando, tais como cirurgia de reconstituição do hímen, pizza em cone e a Patrícia Poeta.
Não entende por que provoca risos quando diz "tá ligado" ou "fraga", ou por que hesita quando escuta um simples "sou do corre", "é casca" e "ontem fiz uma fita mil grau".
Descobre que, se ouve Rihanna, o resto já está no Rihanna Cinderella remix feat, Jay-Z & Chris Brown.
Nota que, ao contrário dele, os amigos já não usam o topete cuidadosamente esculpido a gel, mas longas franjas caídas sobre os olhos; e quando finalmente cresce uma franja bacana, encontra os outros de moicano.
Quando foi na loja comprar o DVD do Homem de Ferro para a sua coleção, disseram-lhe que só tinham em Blu-ray.
 Perplexo, Denilson tenta compreender o que aconteceu. Às vezes pára diante do vidro de café solúvel e se concentra por alguns minutos tentando desvendar o mistério.
Nuno Manna, na piauí 

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O livro "Um Estranho No Ninho" do escritor estadunidense Ken Kesey foi escrito em 1962 e conta a estória de Randle McMurphy, um fora-da-lei que é transferido de um presídio-fazenda para uma instituição para recuperação de doentes mentais. Achando ser uma melhor opção o sanatório à cadeia, ao passar por uma bateria de testes psicológicos, finge ser um doido varrido para escapar das grades.